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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

As Mãos


“Se um dia eu pudesse ver meu passado inteiro e fizesse parar de chover nos primeiros erros” Capital Inicial – Primeiros erros

  “Uns Braços” conta uma história chocante para a época que foi escrito, porém é vivo até hoje, já que conta uma intrigante história de um jovem que se apaixona por uma mulher mais velha que é casada com um coroa. Mesmo lendo o conto todo ficamos com algumas dúvidas: será que Borges descobriu a atração de Inácio por D. Severina?Será que D. Severina contou a verdade para Borges e por isso Inácio foi despedido?Para onde Inácio vai depois que é expulso da casa?Inácio se apaixonou outra vez?Seu Borges continuará tão rude?Como D. Severina reagiu depois que Inácio foi embora?
  Para tentar responder essas questões bolamos uma continuação para o conto: As Mãos. Usamos nossa imaginação para criar possíveis situações para o desfecho da história. Iremos apresentar três versões, cada uma com o ponto de um personagem diferente.


As mãos por Inácio

   Inácio não queria sair da casa, como iria explicar para sua mãe? Ela ficaria desapontada se soubesse do ocorrido. Então ele resolveu não voltar para casa naquele momento e colocou-se a andar em passos lentos e pousados,como se fosse difícil levantar os pés do chão,como se algo o empurrasse de volta. Começou a pensar em D. Severina, se algum dia iria voltar a ver aqueles braços.
   Andando pela cidade somente uma placa conseguiu desviar os pensamentos de Inácio. Era um estabelecimento comum, mas com um nome exótico “Não há livros”, a curiosidade o fez entrar e lá dentro encontro um velho arrumando alguns livros numa prateleira, assim que o viu, o velho perguntou:
-Ei garoto, preciso de carne nova aqui. Estaria interessado em ajudar um velho com seus livros empoeirados?Posso lhe pagar bem.
Inácio pensou consigo mesmo:
- Ixii isso não está me parecendo uma boa idéia, da ultima vez que eu entrei numa dessa não deu muito certo.
Então ele respondeu:
-Muito obrigado senhor, mas não estou interessado, parece ser muita confusão para mim.
O velho logo retrucou:
-O que é isso meu jovem, a única coisa que eu preciso é de ajuda, nada alem disso.
Inácio então resolveu aceitar, só fez um pedido ao seu novo patrão:
-Senhor será que ao invés de receber em dinheiro eu posso morar aqui?Eu acabei de ser despedido e estou sem lugar para morar.
O patrão aceito o acordo e foi mostrar a casa para Inácio.
  Inácio achou que ali seria um ótimo lugar para esquecer D. Severina já que a esposa de seu patrão já estava com a idade bem avançada e ele não sentia nenhuma atração por ela. Logo no primeiro dia de trabalho,  esbarrou com uma jovem, que se apresentou como D. Geraldina,filha de seu patrão,que deveria ter seus 25 anos.
  O tempo foi passando cada vez mais depressa e Inácio começou a criar uma obsessão quase que incontrolável pelas mãos da moça. Todos os dias eles trocavam uma ou outra palavra e ele sempre olhava para aquelas mãos, sedutoras e sensuais, mexendo para cá e para lá. Depois de muitos tempo só observando as mãos de Geraldina,Inácio resolveu tentar falar com ela.
-Geraldina será que posso falar contigo?
-Claro Inácio. O que você gostaria?
-Pode parecer bizarro o meu pedido, mas será que poderia tocar em suas mãos?
   Geraldina não compreendeu, mas percebendo a aproximação de Inácio e sua menção de apalpar as mãos, logo lhe deu uma bela de uma bofetada!
-Pronto Inácio, já se encostou a minhas mãos e que isso nunca mais se repita.
 Sem dúvida Inácio nunca mais esqueceu aquelas mãos.


As mãos por Dona Severina

  Já havia passado uma semana desde que Inácio tinha ido embora. Dona Severina mesmo com a consciência limpa que havia feito o que era certo ela sentia falta da presença daquela doce e ingênua criatura perto dela. Gostava de ser admirada pelo jovem e de ter alguém para cuidar e se importar. Quando viu sua vida voltar àquela monotonia de sempre: acordar, cozinhar, limpar, passar roupa. Começou a sentir mais falta daqueles olhares cruzados e calafrios que tinha quando Inácio estava por perto. Então se colocou a imaginar o que teria acontecido se Inácio tivesse acordado na hora do beijo ou se Borges tivesse chegado e visto a cena.
   Se Inácio tivesse acordado ele iria ter certeza que ela também estava apaixonada por ele, provavelmente ele não iria embora, mas ficaria mais distraído e com talvez eles pudessem ter um caso. Então D. Severina começa a falar com sua própria consciência.
  -Talvez tivesse sido melhor se ele tivesse sentido o beijo.
   A consciência retruca:
-Você está louca, como assim você teria um caso com aquele pirralho, isso não é coisa que se faça ainda bem que mais ninguém sabe desses seus pensamentos.
D. Severina insiste com ela mesma:
  -Mas ninguém iria descobrir, eu nunca iria fugir ou trocar o Borges por ele seria só uns beijinhos inocentes, ele é tão gatinho e tão atencioso.
Mas a consciência não queria se calar:
- Olha para você uma mulher que tem tudo ia colocar em risco tudo só por causa de uns beijinhos. Acho que seria melhor não arriscar.
 D. Severina se rende a sua consciência e começa a pedir mais conselhos
  -Você tem razão eu não poderia colocar tudo em risco, mas e se o Borges tivesse visto. O que será que teria ocorrido?
  A consciência responde rapidamente
 -Provavelmente Inácio teria sido expulso a tapas e talvez nem estivesse vivo mais, e a gente poderia perder o Borges e a nossa fama pela cidade ficaria horrível.
  D. Severina concorda com sua consciência
- Isso é verdade, então eu acho que eu fiz o que era certo e que o destino foi bem legal comigo, pois ele não deixou que nada acontecesse com Inácio, mas também não me permitiu fazer uma loucura.
  D. Severina parou de pensar naquilo e voltou a fazer seus afazeres e ficou muito agradecida de nunca mais ter visto Inácio,pois as coisas estavam melhor daquele jeito mesmo.



As  mãos por Borges
  
 Ao se despedir de Inácio, Borges o seguiu com o olhar até o final da rua, enquanto olhava-o, batia-lhe no pensamento a culpa de ter mandado ir embora de casa o filho de seu melhor amigo. Mas logo depois vieram em mente os acontecimentos passados, onde percebia de relance a troca de olhares entre Inácio e Severina, a forma do agir dos dois. “Borges”: [isso não foi minha culpa, tentei de todas as formas, até mesmo colocar mais trabalho em Inácio, “Moleque safado”. Mas... ele também não teve culpa, ela foi inteiramente minha. Deveria-eu ter dado mais atenção e carinho a Severina?].
   Durante dias, Borges ainda continuou a pensar, apesar de tentar não fazê-lo, mas ele sempre se fazia presente no importuno de sua mente. Por várias vezes tentou desabafar com a esposa, mas sua dureza não o permitia.
   Só o que ninguém sabia, era que todo esse comportamento rude era o reflexo de sua adolescência. De ter sido espancado pelo pai, de ter que trabalhar muito cedo.  
   Marcado pela sociedade machista, aprendeu a guardar para se todas as suas angústias. Dessa forma, até sua morte, sua vida foi marcada por dores reprimidas e risos abafados.

Alexander, Christopher, Felipe, Raquel e Vitória Alves.